
Somente a palavra “deficiente” nos remete a uma ideia de incapaz, limitado, dependente e outros fatores que impedem uma pessoa de ter uma vida “normal”. Contribuindo para estabelecimento de preconceitos na sociedade.
O mergulho autônomo recreativo é uma forma de lazer que pode ser praticado por qualquer pessoa. O mergulho adaptado acrescenta novas técnicas de treinamento, permitindo que os indivíduos que teriam dificuldades para a prática do mergulho, possam mergulhar com segurança. Quando cumprindo todos os requisitos e normas, a experiência de mergulho é muito prazerosa e trás diversos benefícios aos seus praticantes.
A adaptação não passa somente pelos mergulhadores com deficiência. Existem cursos para os duplas. Aonde mergulhadores já certificados aprendem a ser companheiros nos mergulhos adaptados. Principalmente no que se trata de comunicação subaquática, já que os sinais de comunicação também precisam ser adaptados à realidade motora e visual de cada mergulhador.
Os instrutores trazem um novo conjunto de ferramentas e conhecimentos para treinar os mergulhadores com segurança e certificar os seus alunos como um mergulhador, com níveis variados de limitações dependendo da habilidade do aluno para realizar os requisitos do programa.
O mergulho tem demonstrado inúmeras vantagens como uma reabilitação social e física dos indivíduos com deficiência, permitindo-lhes interagir em um estado de ausência de peso. Na água, quando utilizado material e treinamento adequado, os obstáculos e restrições desaparecem.
É de conhecimento comum que a participação em atividades recreativas regulares, que envolve o exercício físico, é recompensada com uma melhor saúde, tanto físico como mentalmente. O mergulho é também um esporte social, e como tal pode ter um enorme efeito positivo sobre os mergulhadores com deficiência e sua capacidade de interagir com mergulhadores não deficientes.

Apesar de não ser muito difundido. O mergulho adaptado é praticado a mais de 30 anos e no Brasil a HSA Brasil comemora 20 anos de atividade em agosto de 2011.
Dificilmente uma limitação física impossibilita o mergulho adaptado, apesar de haver circunstâncias que impossibilita a prática do esporte, da mesma forma que pode acontecer com não deficientes.
Igual ao aluno de mergulho convencional, para poder mergulhar, o aluno de mergulho adaptado precisa conquistar a sua credencial de mergulhador. Passando por etapas e exercícios teóricos e práticos. O curso passa por aulas teóricas, exercícios em águas confinadas e finalmente em águas abertas. Após essas etapas ele tem autorização para mergulhar em águas abertas.
Para se mergulhar com segurança foram criados níveis para os mergulhadores adaptados, e esses níveis diferenciam a capacidade de autonomia de cada mergulhador.
Nível A – O mergulhador com esse nível tem autonomia completa, sem que haja necessidade de treinamento específico ou formação para se mergulhar como seu dupla.
Esse o maior nível de independência no mergulho adaptado, quando o próprio mergulhador executa todos os procedimentos que o mergulho exige. Como deslocamento na água, desalagamento, retirada e colocação da máscara, subida livre de emergência e boiada, compartilhamento de ar e outras atividades. Mas a principal diferença entre os outros níveis é a capacidade de auxiliar o dupla em caso de necessidade de resgate.
Nível B – O mergulhador nível B também executa todos os procedimentos do mergulhador nível A, porém a impossibilidade de garantia de auxílio ao seu dupla numa situação emergencial que o diferencia. É essa impossibilidade que exige um curso de capacitação de companheiro em mergulho adaptado para se ir mergulhar com mergulhadores nesse nível.

Nível C – Nesse nível, para ir mergulhar, o mergulhador adaptado precisa ser acompanhado por dois mergulhadores capacitados, sendo um instrutor ou divemaster, capacitado para mergulho adaptado e outro mergulhador com formação em companheiro em mergulho adaptado.
O mergulhador nível C tem dificuldade ou impossibilidade de executar todos os procedimentos do mergulho sem compartilhar com outro mergulhador, mas ele precisa executar de forma eficiente diversos procedimentos para poder mergulhar. Como alagar, desalagar, retirar e colocar a máscara. Ainda que para isso ele precise compartilhar o movimento com outro mergulhador, a execução e o êxito serão exclusivamente dele.
“Para todas as dificuldades, existem soluções, e para todas as limitações, adaptações. Os impedimentos poderão não existir quando as pessoas estão dispostas a descobrir, juntas, a melhor forma de alcançar o que desejam.” (Lucia Sodré)
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